Como funciona o carro que dirige sozinho criado pelo Google
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Como funciona o carro que dirige sozinho criado pelo Google
Veículo contém US$ 100 mil em equipamentos e promete ser o meio de transporte do futuro
Thiago Vinholes | 29/4/2013 13:00h
Toyota Prius com o sistema “Google Self-Driving Car”: autorização para rodar no estado de Nevada
Imagine você entrar no seu carro em São Paulo de manhã no sábado, tirar uma soneca no banco do condutor e acordar cinco horas depois no Rio de Janeiro, de frente para o mar em Copacabana. Outro detalhe, nem um outro ser humano dirigiu seu automóvel durante a viagem de 450 km. Seu motorista, no caso, foi o Google.
Sim, a tecnologia do automóvel autônomo, que dispensa as mãos, pés e olhos de um condutor humano já está pronta e funcionando. O Google, hoje um gigante da tecnologia de computadores e internet, quem diria, está trabalhando com produtos sobre rodas e já está avançado nesse campo.
A empresa já realizou testes com um protótipo pelos Estados Unidos, com o qual rodou mais de 225 mil km sem auxílio algum de um motorista. O carro entrou nas ruas apertadas de São Francisco, pegou estradas movimentadas de uma ponta a outra do país e trechos sinuosos em montanhas durante viagens de dia e a noite. Ele fez de tudo um pouco e provou ser viável, ao menos do ponto de vista funcional. Com o resultado, o carro ganhou até licença para rodar em alguns estados dos EUA.
Veja mais: Carro do Google é dirigido por um cego
O alemão Sebastian Thrum, engenheiro do Google e chefe do desenvolvimento do carro-autônomo, é obcecado pela ideia e seus benefícios para segurança veicular. Seu projeto, iniciado ainda quando era estudante na conceituada universidade de Stanford, evolui a cada experiência: “Quando fiz 18 anos perdi meu melhor amigo em um acidente de carro. A partir desse momento decidi que dedicaria minha vida a salvar um milhão de vidas por ano que poderiam ser perdidas em desastres automobilísticos. Ainda não salvei nenhuma, mas já iniciei um projeto”, contou Thrum em palestra on-line ao Ted Talks.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 1,2 milhão de pessoas morrem por ano em acidentes nas estradas. Para Trum, esse número pode chegar a zero. “Acidentes com carros são a primeira causa de mortes de pessoas jovens e quase todos são causados por erros humanos e não da máquina”, explicou.
Antenas, sensores, GPS, laser…
O veículo com o sistema autônomo criado pelo Google depende de uma série de equipamentos para andar sozinho. Ele possui três antenas de radar na frente, como o usado em aviões, e outra na traseira, que funcionam de modo a criar um mapa tridimensional ao redor do carro. Junto aos radares, o computador apura as informações no entorno do automóvel com ajuda de GPS (com trechos já mapeados pelo Google Maps), câmeras de vídeo com sensores infra-vermelho, acelerômetros e um curioso scanner giratório instalado no teto do veículo, que são como os olhos do carro e permitem a ele “enxergar” objetos a uma distância de até 60 metros, seja a frente, na traseira ou para os lados.
Seu funcionamento é simples. Basta o passageiro entrar no carro e digitar (o Google também trabalha para apurar os comandos de voz) o endereço no computador central, afivelar o cinto de segurança e se deixar ser levado até o destino. O carro acelera, freia, faz curvas, estaciona, para em faixas de pedestres e obedece a sinais de trânsito de forma totalmente automática.
O carro, porém, ainda não está imune a erros e falhas. Segundo o Google, o sistema ainda tem problemas para identificar pequenos detritos ou buracos pelo trajeto e também tem certa dificuldade para acessar rodovias no modo autônomo, devido a grande e repentina variação de velocidade. A empresa, todavia, afirma estar corrigindo esses contratempos.
Durante os mais de 220 mil km percorridos nos testes o carro do Google se envolveu em apenas um pequeno acidente. O computador “esqueceu” de frear o carro durante um semáforo em aclive e o carro acabou voltando para trás e atingiu a frente de outro carro, este guiado por um motorista humano.
O carro autônomo não é propriamente dito um veículo fabricado pelo Google. A empresa apenas criou os sistemas de condução automática, que posteriormente foram instalados em veículos convencionais. Para acentuar a proposta, a marca escolhe sempre carros modernos e com um viés ecológico, no caso veículos híbridos como o Toyota Prius e o Lexus RX450h.
Não é só isso, o Google também afirma que os recursos extras ajudam esses carros a serem ainda mais eficientes, pois funcionam de uma maneira mais precisa, com uma aceleração mais uniforme, e cuidadosa ao antecipar muitas ações de frenagem e desaceleração. O comportamento do carro também pode variar entre mais cauteloso, tomando mais cuidado nas ruas, ou agressivo, quando o passageiro tem pressa.
A ideia também pode revolucionar o trânsito, ou melhor, acabar com ele. “Podemos aumentar a capacidade das estradas, diminuindo os espaços em ter os carros controlados por computador e assim eliminar os congestionamentos”, explicou Thrum.
Presente em nosso cotidiano como nenhum outro artifício tecnológico já criado pelo homem foi capaz de fazer, o Google lhe ajuda a saber qualquer coisa e a chegar em qualquer lugar com apenas um clique. O próximo passo será levá-lo aonde você desejar com um comando de voz. Esse dia não está chegando, ele já chegou.
Motorista não precisa fazer nada, mas pode assumir o controle ao pisar no freio ou mover o volante